Institutos Fraunhofer apresentam soluções para cidades do futuro

O evento organizado pelo Centro Alemão de Ciência e Inovação (DWIH-SP) – em parceria com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), a Fundação Getúlio Vargas (FGV), a Escola do Parlamento da Câmara Municipal de São Paulo e o Ministério de Relações Externas da Alemanha – reuniu pesquisadores e gestores do Brasil e da Alemanha para debater, dentre outras, questões como planejamento urbano, governança e meio ambiente, com foco no uso e tratamento da água, eficiência energética e mobilidade.

Contribuindo para discussão de Governança Urbana, Marielisa Padilla, pesquisadora do Instituto Fraunhofer de Engenharia Industrial IAO, apresentou a iniciativa "Morgen Stadt" ou em português, Cidade do Futuro. Essa Rede de Inovação Fraunhofer Cidade do Futuro é uma plataforma, gerida pela Sociedade Fraunhofer, composta por empresas pioneiras das cidades, da indústria e instituições de pesquisa. A iniciativa visa desenvolver e implantar inovações para a cidade do futuro, com o objetivo fundamental de acelerar o desenvolvimento, ajudando a reduzir o consumo de energia e recursos, ao mesmo tempo em que aumenta a resistência e habitabilidade nestas cidades. Participam dessa plataforma nove institutos Fraunhofer, dentre eles o Instituto Fraunhofer IAO e Instituto Fraunhofer de Engenharia de Interfaces e Biotecnologia IGB.

Muitos são os projetos que fazem parte dessa plataforma, Padilla destacou o "Morgenstadt city Labs Framework" uma metodologia que visa acelerar e racionalizar o desenvolvimento urbano sustentável. Essa metodologia única consiste em identificar o potencial para desenvolver, dirigir e realizar inovações urbanas limpas com base em suas necessidades atuais. A partir desse mapeamento, que analisa desde a governança à mobilidade, visa-se delinear possíveis trajetórias para o desenvolvimento da cidade. Os pontos encontrados são transferidos para roteiros estratégicos individuais a cada cidade.

A metodologia foi aplicada em 2014 e 2015 em diversas cidades promissoras (Praga, Lisboa, Chemnitz, Tbilisi e em Berlim), criando um impacto real no seu desenvolvimento sustentável. Como resultado do city Lab, em Praga foi instalado pela primeira vez um centro de análise de dados; o centro histórico foi "transformado" em smart e houve a criação do E-mobility para os funcionários da cidade. Já em Lisboa, ocorreu o desenvolvimento de um projeto solar em parceria com o município, além disso, o sistema de gestão de resíduos da cidade também foi transformado em smart.

No quesito gestão de água para o desenvolvimento urbano, outro desafio para a cidade do futuro, o especialista Werner Sternad, engenheiro do Fraunhofer IGB, abordou o tema da eficiência energética no tratamento de águas residuais.  Em sua palestra "Energy Efficiency of Wastewater Treatment: Ressource Sludge", Sternad, apresentou o high-load anaerobic digestion, um processo de digestão anaeróbia de alta carga, desenvolvido por pesquisadores do Instituto IGB em Stuttgart. Esse processo possui inúmeras vantagens, pois permite maior eficiência, garantindo menor massa de lodo final e maior produção de biogás.

Segundo Sternad, o lodo proveniente do tratamento de águas residuais - anteriormente visto como um problema - é hoje uma oportunidade de geração de valor. De forma que a digestão do lodo não é apenas uma questão de redução da massa, do mau-cheiro e uma melhoria do processo de desaguamento, mas também uma forma de produção de energia (biogás) e fertilizantes (nitrogênio e fósforo).

O especialista também mencionou um projeto realizado no Brasil em parceria com a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo SABESP, que será concluído em 2017. O projeto é implantação de um conceito diferente para a utilização de biogás na Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) da cidade de Franca, em São Paulo. O biogás, proveniente dos digestores, será purificado até chegar a biometano, que por sua vez, será comprimido e armazenado em tanques de alta pressão. Dessa forma, ele será usado em uma estação de gás para abastecer os carros da ETE que serão movidos a biometano, um substituto para o gás natural. Na semana passada, o navio trouxe o equipamento para o porto de Santos e em seguida será transportado para Franca. Espera-se que a planta já esteja trabalhando em março de 2017.